I - Sonetos (27 Sonetos)
01 - D’US BENDITO
Oh Eterno, manifesto em glória,
Tuas brasas ardem em Teu altar!
Refaça, oh D’us, a minha história,
Por Tua clemência salutar!
Oh Eterno, enaltecido é Teu amor!
Guia-me na senda da retidão...
Sonda-me neste perfeito louvor
E concede-me a Tua salvação!
Tuas obras falam do Teu poder!
Teu Espírito renova a minha mente!
Exaltar-Te-ei com todo o meu ser,
Bendizendo o Teu Nome Eternamente!
Bendito sejas Tu, oh Elohim!
Restaura a alma no Sangue Carmesim!
02 - SENTIMENTO EXULTANTE
Oh reinante sentimento exultante!
És manhã manhosa de doce paz,
Que sonda o meu íntimo radiante,
Nessa cintilação que se refaz!
Divina manhã que nasce em calor!
A luz espelha o teu queimante encanto!
No ouro deste ressurreto fulgor,
O sondável sol em seu abrilhanto.
Renascer radiante d’alvorada!
Resplandece no vivo firmamento!
Rejubilando o meu ser, o meu nada,
Na alva singeleza do sentimento,
Que nasce nessa claridade alçada,
Do perene amor em meu pensamento!
03 - SOL DE ESPLENDOR!
Vida! Lembranças e contentamento!
Recordo o teu choro no nascimento,
Se fazendo o intenso sol da vida,
E o revigorar da história antes lida...
Recordo do amor que te fez viver,
Da arca que guardou o seu divino ser,
Pra ser o majestoso sol de encanto,
Que reflete o sentimento alvo e santo!
Vivo a sua presença de harmonia,
Encantado pela viva alegria,
Deste pequeno sol a nos brilhar!
Bendita seja a perfeição de amar,
Bendito seja o amor neste amor,
Que te fez nascer, meu sol de esplendor!
04 - NASCIMENTO...
Oh devaneios! Vontade de vê-lo,
Tocá-lo e senti-lo concretizado!
És meu sonho que cultivo com zelo;
És um presente por D’us ofertado!
Antes de chorar, já escuto o seu choro,
E crio o seu rosto como sonhei!
Antes de nascer, és meu sol, meu louro,
Colheita deste amor que eternizei.
Bendita seja a manhã de sábado,
Que nasceu somente pra te acolher!
Bendito seja esse instante sagrado,
Revestido de ditoso prazer!
Oh choro belo! Eis seu nascimento!
Princípio do meu contentamento!
05 - INFINITO
Teus olhos, tão límpidos, tão ternos,
São reflexos da lua crescente!
No esplendor dos seus cristais eternos,
O lírico coração ardente.
Teus olhos, tão lindos, tão excelsos,
Abrasam a vivência fria!
Que espelha esse sentimento celso,
Norteando a febril fantasia.
Teus olhos, tão límpidos, tão puros,
Infundem um brilho sedutor!
Livres, como o voo do condor...
Teus olhos, tão nítidos, tão puros,
São universos vastos de cor!
No infinito: os teus olhos de amor!
06 - AMO-TE
Amo-te inocentemente,
Com paixão e com ternura!
Buscando o brioso encanto,
Presente em sua doçura.
Amo-te incessantemente,
Nesta altaneira loucura!
Saboreando o seu vinho,
Na seduzida quentura.
Amo-te perdidamente,
Na carente sedução!
Tocá-la é meu paraíso,
Tê-la é a minha ilusão,
Que alimenta a fantasia,
Na viva fascinação!
07 - MUSA
Seus cabelos são cascata,
Nos ombros de pura alvura.
És minha paixão abstrata,
Coroada de brandura!
Nessa ilusão cinzelada,
A sua rara candura,
Dessa musa cintilada,
Em infinda formosura
Oh deusa da minha vida!
Nos lábios, rubra cor.
És a doce prometida,
Que aliança o meu amor.
Hei de admirar-te despida,
Sendo o seu servo e senhor!
08 - VIRGEM DA ALVA
Serena, aquela alma ardia,
Sobre o leito recostada.
Era a virgem da alvorada,
Cujo vulto resplendia.
Era a rosa, a fantasia,
Sem lamento derramado.
Era o anjo sem pecado,
Que nos sonhos me aquecia!
Era a trilha da virtude,
Residente em nosso beijo...
Nesse leito a plenitude,
Da virgem que tanto almejo,
Que reproduz a amplitude,
Do poético desejo!
09 - RETRATO
Quero envolver-me em teus braços
Ao pecado e ao mormaço,
Nesta dança de criança,
Na bonança da paixão...
Desejo a cada momento,
Todo esse contentamento,
Singrado ao teu delírio,
E gemidos de prazer...
És um tempo de retrato
Gravado no coração,
Como ilusão que acalenta
A fenda do sentimento,
Sedento por teu amor,
Que me leva a renascer!
10 - VIDA
Agarro-me a esse sol,
Como abelha ao girassol.
Apertando-se na casca,
Que cresce até fenecer...
Esse corpo tem a sorte,
De viver um forte amor.
Que é sol da efêmera vida,
E brilha, e brilha em meu ser...
Viver você é um dom!
Dom que inspira essa alegria,
Que pesa as feridas e
Faz os deuses reviverem,
Com força e fraqueza humana,
Nos versos que oferto a ti.
11 - FANTASIA
Oh calor intenso, no tenso coração!
Nele, acelero por tua face formosa!
Em sonhos, a minh’alma a beija e a desposa,
Com delicada e subordinante obsessão.
Tu, que em minha mente se faz fascinação!
Tu, que cá dentro manifesta como a aurora!
Quando em sonhos, sua quentura revigora,
Quando acordado, és neve sem excitação!
Se fogueias, por que timidamente esfria?
Se esfrias, por que sensualmente me aquece?
Que passageira e eternizada alegria!
Porque neste meu coração que t’enaltece,
Onde o desejo habita, cresce e permanece,
És a poética seiva da fantasia!
12 - ESTRELA
Oh resplendente estrela bela!
Ao sol posto, se faz começo,
Irradiando o céu que a sela,
Em solene e perene apreço!
Oh Vênus de clarim sedento!
És luz, mesmo ao amanhecer!
Manifesta no pós-poento,
Na seara do anoitecer...
Oh D’alva em brumas envolventes!
És Vênus de amor virginal!
Ávida, real, refulgente,
Na concha do céu imortal,
Com sua pureza presente,
Em cintilação sem igual!
013 - CONTEMPLAÇÃO
Oh fascínio secreto e envolvente!
Exulta a alvorada do coração!
No renascer da virgem inocente,
A sublime e pura contemplação!
Êxtase ulissiano da emoção!
N’íntimo, fantasias transcendentes,
Que desponta a Vênus pela amplidão,
Da sua formosura transparente!
Oh sereníssimo olhar amoroso!
Os seus seios cintilam o gracejo,
Que produz teu orvalho fervoroso,
No divino oásis que tanto almejo!
Dessa virgem despida e ofegosa,
Em profundo e castíssimos desejo!
014 - CANTICO NUPCIAL
Como amas-me, oh doce amada envolvente!
Teus olhos brilham através do véu!
Sem malícia, sem mancha, inocente...
Na fonte selada, o seu rubro céu!
Oh vulto castíssimo à meia-luz,
Beija-me com o seu beijo ditoso!
No ardoroso jardim que me seduz,
A terei nesse amor harmonioso.
Tímida, a noiva de faces rosadas,
Transparente em nosso leito nupcial!
Desposo a minha virgem exultada,
Na mesma flama do sonho irreal!
Oh fonte selada, aberta pra mim!
No jardim fechado, o prazer sem fim.
015 - DIVINO AMOR
Divina união que antecede a aurora!
Eis os deuses num descanso dourado:
No Olimpo, serenamente se adoram,
Nas belas aras do amor inflamado!
Deuses que se louvam no fogo santo!
Profanos, carnalizam o calor,
Que os inunda com sândalo e com encanto,
Na pureza mais profunda do amor!
Suspiros, anseios e delícias!
Consumação da virtude imortal,
Nupciando os deuses na fantasia,
Em um júbilo intenso e sem igual!
Oh belo encanto no sagrado altar!
Reflete Afrodite, no dom de amar!
016 - SINTO SAUDADES...
... do amor que invade o meu sereno ser
Fazendo-me renascer por você,
Que está presente em minha mente, nos
Momentos do sentimento maior!
... do nosso suor e dos devaneios
Que revelam os segredos íntimos,
Aos mimos que humedece o doce mel
Perpetuando o céu do intenso ardor!
... do eterno esplendor de teor lírico,
Em delírio, deleite e paixão,
Que envolve o nosso coração na chama,
Que nos chama à tentadora quentura,
Na ternura que nos leva ao carnal
Desejo de sermos apenas UM!
017 - FECHE OS OLHOS...
Feche os olhos e pense em nosso amor!
Imagine-se agasalhada em mim,
Sentindo as carícias destas mãos,
A deslizar sobre o seu corpo nu...
Feche os olhos e pense em nosso amor!
Ressinta o sombreado dos teus montes,
No intenso e divino contentamento,
Que toca o teu coração de mulher...
Feche os olhos! Suspire intensamente...
Relembre o timbre de voz ofegante,
Que docemente segreda ao ouvido,
Regando os seus gemidos de prazer...
Feche os olhos! Sinta o meu beijo, com o
Desejo de mais uma vez te amar!
018 - CONSTERNAÇÃO
Saudades? Talvez... esse coração a quer
Com toda a ternura do grandioso amor,
Que guarda o sensível cheiro do seu suor...
Porém, sou todo dor... eis o meu vil viver!
Esquecer? Como? Ainda paira o puro fogo
Do dourado desejo, que em meu silêncio,
Renasce na forte escuridão... nesta, afogo
As sinceras lágrimas e me distancio...
Distancio? De quê? Da luminosa aurora,
Do sentimento salvo em meu relicário...
Com as minhas recordações e meus delírios,
Que tenta saciar a paixão sedutora.
Saciar? Como? Colho a paixão que em ti esteve,
Que era fogo ardente e hoje é somente neve!
019 - ARCAICO SENTIMENTO
Apregado no peito arrebentado,
Encarcado pela vã ilusão,
Puxo desta cacimba cristalina,
Salobres lágrimas do coração!
Judiado pelo açoite divino,
Por mágoas que me fazem sofrer,
Viro o aguado tormento da alma,
Que estanca a boniteza do viver!
Oh triste convento do sentimento!
Carregas a dor que precede o pranto,
Aluindo o luzir do pensamento,
Que refaz a paz pelo desencanto.
Nesta balança, o peso das lembranças,
Derreado pelo saudoso encanto!
020 - OFEGÂNCIAS...
Seus seios, ressurreto asseio da emoção!
Neles, as efervescências sensuais,
Que sibila a subordinante sensação,
Na elevação dos nossos dulcíssimos ais!
Seus seios, solenes montanhas sombreadas,
Pelos cetins das suas salientes mãos...
Nos beijos, a sensibilidade exultada,
Que suscita a sedentíssima sedução.
Seus seios, brasas assanhadas e macias!
Suavemente os roço ao suor deslizante...
Nos sequiosos sussurros que te assedia,
O vassalismo do sentimento excitante.
Seus seios, suspirosos cheiro de você!
Neles a semidivindade do seu ser.
021 - FASCÍNIO
Na eminência desse ser despido,
O fetichismo de uma mente insana!
Que molda no sorriso, a luxúria,
E as delicias da paixão profana.
Em tua nudez, contemplo os seus seios,
Deleite de diviníssima alvura!
Que brota o sumo do amor degustado,
Gerando o orvalho em completa ternura!
Desnuda, vejo a formosura exposta,
Do seu ventre e do arredondado umbigo,
Que se faz o cálice do meu vinho,
Transbordando a porta do paraíso!
Em tua nudez, minha fantasia,
Que recria a sensual alegria!
022 - SOLIDÃO COTIDIANA
Sinto o sabor amargo do café,
Ouvindo no rádio o saudoso amor,
Que toca com bela voz de mulher,
Nas tristonhas simetrias da dor...
Quem dera explodir as penosas grades
E voar, voar nesse céu insano...
Da janela, vejo a triste cidade,
A poluição e o meu cotidiano.
Na xícara o café amargo... Frio!
No computador, essa solidão.
Acesso e-mails que em constância crio,
Pensando em seu sedutor coração!
O telefone toca bruscamente...
É sua voz, a voz do amor presente!
023 - CANTARES: DIVINO VINHO
Quão formosa és, oh amada febril!
Em sua língua, o puro mel produz!
Exultada por seu fogoso brio,
E pelo amor que su’alma usufrui.
Quão formosa és por sobre os meus lençóis!
No leito, seu cheiro me traz a paz!
Pelo arfante timbre da sua voz,
E por suas doçuras sensuais
Divino vinho que em seu cálice há!
Em seus seios – o luzir do seu ser!
Plácidos, como o ávido luar,
Que reflete o sentimento em você!
Divino vinho, calmo e sem maré,
Em seus beijos, seu ardor de mulher.
024 - VINHO AMARGO
Amargura! Eminente alegria de outrora!
Distante, revivo o instante que se atrela
Às lágrimas que ora embaraçam as estrelas,
E desnorteia a paixão, cega e sedutora...
Entregue a esse vinho, sinto o retrocesso,
E desinteresso por tudo ao meu redor...
Nas feridas não vistas, a sublime dor,
Que solidifica o coração, como um gesso!
Como não perceber o presente deserto?
Como viver n’altiva dor que se renova?
Com ardor, anseio que minh’alma remova,
Esse ressentimento isento de conserto!
Oh semblante desfigurado pelo choro!
Por ti, esse triste cálice: amargo e inodoro.
022 - INFERNO
Sofrimento que queima cruciante!
O Hades renasce nesse pranto lento,
Que devasta os delirantes instantes,
No pesaroso por-do-pensamento.
Oh pranto no lutuoso poento!
No inferno, o meu paraíso perdido,
Que traduz a solidão em tormentos,
Nos altos clamores do meu bramido.
No pesar, os conselhos da serpente,
Que faz a mente esgotar-se em desgosto!
Queimando-a no caldeirão ardente,
Pela lembrança do seu meigo rosto.
No inferno encontrei o mais puro verso!
Nascido das chamas, nelas submerso...
023 - MENSAGENS...
No insano choro da chuva,
Os trovões são emoções,
Que salpicam o coração
Escaneado pela dor...
Plim plins alagam o chão,
Com as folhas secas na rua,
Que viajam sem destino,
Como o meu confuso amor...
É tarde... e a chuva cai,
Com a suave intensidade,
Das mensagens num whatsapp,
De um amor transitório,
Tenso e contraditório,
No convento do meu ser!
024 - CANTARES AO LEITO
Oh suave aroma do amor!
Em teus beijos, o doce vinho...
Que requenta e orvalha a flor,
Em nosso deleitoso ninho,
Formosa esposa de minh’alma,
És lírio encantado do céu!
Nos seios – a ternura calma,
Nos beijos – o leite e o mel.
Umbigo – taça a transbordar!
És renovo do meu deleito,
Que faz meu íntimo queimar,
Na ternura do ardor perfeito!
Oh amada de alma candente,
És néctar da paixão presente!
025 - ANJO DE AMOR
Oh casto anjo de sorriso eminente!
Aquece-me com a luz do teu olhar...
Por ti, minh’alma treme ardentemente,
No sóbrio desejo de te amar!
Teu sorriso, vulto do éden perdido,
Numa delicada alvorada fria...
Em teus lábios, beijos almejados,
Nunca concretizados! Poesia...
Na noite, teu rebrilho resplandece,
Com completa carência e formosura!
Seus alvos seios, sonho que me aquecem,
No fascínio de minh’alma impura!
Oh sereno anjo do meu coração!
Sinto o seu perfume em minha ilusão...
026 - CORAÇÃO POETA
Minh’alma é gélida como as peixeiras,
De lâminas cortantes e letais...
No olhar, idealidades sem eiras,
Na poeira das paixões imortais.
Os desejos? Reflexos d’um passado,
Marcado por esse pranto presente!
Que refaz todo o amor acabado,
Acordado nas ruínas da mente.
Assim, minha luz se nutre da neblina,
Emanada das sombras do viver,
Que padece como as cinzas da esquina,
Sem paixão, sem história e sem por quê...
Como viver a chama que apagou?
Só resta a vida que Eros enrugou.
027 - NOSSO AMOR
Nosso amor, frenesi de gêmeas almas,
Num bem-querer de paz, harmonia e zelo,
Que atiça o desejo em divina calma,
Nesse contentamento de vivê-lo!
Oh fogoso anjo eternamente eleito!
Serenamente a amo muitíssimo!
No perene ardor presente em meu peito,
O teor do sonho diviníssimo!
Meu coração está cheio de ti,
Nessa amplidão da paixão envolvente!
Vivo a verdade que sempre senti:
De amar-te pra sempre e eternamente!
Ardores que nos corações se inflamam!
O que somos? Duas almas que se amam!
II - Poesia Livre (16 Poemas)
028 - NUMA TELA DE LED
Numa tela de led,
Imagino os poetas antigos
Que escreviam e descreviam o amor
O verdadeiro amor...
Imagino esses poetas,
Que escreviam e descreviam
O amor por uma donzela,
Que se faz raro hoje...
Não o sentimento em si,
E sim a donzela para se amar!
Nisso, faz-se necessário
Buscá-la na imaginação,
Buscá-la na lembrança longínqua,
De um passado que nunca existiu!
E passar a vê-la como uma deusa grega,
Ou uma santa de convento!
Mesmo assim,
Para se adquirir inspiração,
Essa tela fria não ajuda!
A frieza do tempo não ajuda!
As lembranças não ajudam!
Mas o coração ajuda,
Com a sua quentura;
Com a sua ingenuidade,
Que não sabe o que dizer
E o que registrar,
Em uma tela de led...
029 - ANJOS MORTOS
No mundo material
Os anjos não existem!
Existe sim a vontade de enxergar
As pessoas moldadas e platonizadas
Por uma mente refinada
Pelo belo;
Pela arte;
E pelo amor afeiçoado...
E assim, molda-se a imagem da mulher
Extraindo-se dela o que não existe,
E o que persiste no romantismo
Existente nos livros,
E apenas nos livros!
Porque os poetas que as descreviam,
Também não as enxergam assim!
E assim, os anjos estão mortos,
Na realidade, nem sequer nasceram!
Estão presos nos poemas,
E nas páginas envelhecidas,
E pouco lidas,
Dos livros consumidos
Em uma estante empoeirada.
030 - SINCERIDADE....
Cauterizo a poesia
Que nem poema é,
Mas acaba tornando-se um poema,
Porque todos o veem como tal...
Talvez se fosse escrito,
Por um nome sem renome,
Não seria assim considerado,
Ou pouco importância teria!
E com tanta importância dada
Ao que não é importante,
O que mais me admiro
É ver-se beleza, onde não é belo!
É ver-se encanto onde é seco!
É ver magia no que é normal!
É ver o que não existe,
E fazer existir,
O que nem era para existir!
031 - NUMA TELA DE LED II
Numa tela de led
Volto mais uma vez a insistir...
A insistir em viver o meu cansaço,
Os meus sonhos,
A minha existência...
Na persistência da vida,
Saro e abro feridas,
Que me fazem liberto de mim;
Das minhas falhas;
Das minhas mágoas;
Que me moldam,
Nessa triste trajetória...
032 - PÁGINAS DA VIDA
Nas páginas da vida
Registramos o que queremos
E o que não planejamos...
Registramos fracassos e glórias;
O vivido e o não vivido;
O real e o imaginário...
Nas páginas da vida,
Existe a transparência do passado,
E o branco do futuro.
As páginas viradas,
E as nunca abertas...
Nas páginas da vida,
Existem as páginas que se unem
A uma só vida,
A uma só esperança,
A uma só tinta,
Que escreve, reescreve e vive a história
Que ora é apenas UMA!
033 - PERCO-ME E DESCUBRO-ME
Perco-me e descubro-me
Nas minhas poesias,
Nas suntuosas fantasias,
Que traz a mim aquela imagem sensual,
Em um desejo perseguidor
Volúvel, multicor...
Como uma tarde morna,
Ora morta, com o sol posto.
Perco-me e descubro-me
Nos pensamentos distantes,
Que me afastam do real, do material...
Fazendo-me apreciar o inacessível,
E os louros poéticos
Da divina beleza.
Perco-me e descubro-me
Nas loucuras ingênuas,
Que não pesa as consequências,
Que me desanimam e me fazem sofrer,
Quando soltam os dragões,
Que apenas eu os possa vencer!
034 - ARUÁ DA VIDA
Aruá da vida!
Calmo, me vejo em meu destino...
Tal qual uma nuvem
Que se dilui com o vento,
Que venta no sertão seco,
Assim andejo nesta sina...
O seco me fala de uma alma extinta,
Que renasce com a chuva,
Quando esta cai....
Quanto a mim, a chuva não vem,
E continuo morto:
Morto para a vida;
Morto para o sonho;
E morto para mim.
Simplesmente morto!
035 - NASCER E RENASCER...
Sou um nascer e renascer,
De tristezas e alegrias,
Que carrega em si o fogo sujo,
Transformado em poesia,
Nas ondas do papel...
O que escrevo? Riscos!
Riscos onde outros buscam sentidos,
Que a mim não faz sentido!
E o que está escrito,
Só tem real sentido,
Para este coração ébrio,
Que insiste em escrever...
Procuro registrar algo
Sem ter nada na mente...
Mas esse “nada” me faz viajar,
Me faz criar e amalgamar
Palavras e sentimentos
Transformando-se em versos...
Procuro passar o que sinto,
Procuro despir-me da vida e da dor,
E falar da minha alma e da minha sina,
Que muitas vezes invento,
Para ter o que escrever...
Falo de dor sem nada a sentir,
A não ser o desejo de escrever,
Que revela os meus ais,
Nos anais da vida inventada
Que se mistura com o real,
Transformando-se em mistérios,
Que só o meu coração poético
Poderia revelar!
036 - NO VERSO...
No mistério do verso
Aprecio o presente
E o consciente,
Da minha vontade
E do meu orgulho.
Quando mergulho em meu íntimo,
E percebo o quanto me abdico,
O quanto me ensino,
E o quanto me fraternizo,
Na rara expressão,
Que me conduz a razão,
Do futuro inexistente,
E da pressa do presente,
Que não leva a nada,
Ou a lugar nenhum!
037 - IDEALIZAÇÃO
Atraído pela perfeição inexistente,
Translado um amor maior,
E passo a ser só,
Sonhando com momentos,
Que nunca existiram ou vão existir...
Nesse lado carente,
Imagino suas mãos a me tocar,
Envolto do seu amor,
Em um você inexistente,
E em um anseio eminente,
Que não existe em nós...
Mesmo assim,
Me refaço por esse você,
Sem me entender,
Nessa loucura escondida,
Em minha poesia,
Singela, romântica e desiludida
Que reflete o paraíso nas delícias,
E na loucura deste amor,
Nos versos que o coração idealizou...
038 - EU EM VOCÊ
Prove-me...
Deguste o sabor dos meus lábios,
Que anseia pelo mel do pecado,
Exultado pelo favor do coração,
Distante da razão,
E perdido, sem querer se encontrar,
No mar dessa alucinada paixão...
Prove-me...
Deixe meu corpo molhado,
Que ora treme alucinado,
Em busca da tua morada única,
E para sempre única,
Em minha vida e em meu curto viver!
Prove-me....
Deixe-me ouvir a sua fome voraz,
Que me entorpece aos gemidos,
E desvirtua os sentidos,
Numa entrega que nos leva ao firmamento,
Da união dos nossos corpos...
Acolha-me...
No descanso mágico,
Dos nossos corpos suados,
Abraçados na magia dessa quentura,
À meia-luz e sem censura...
Não és perfeita, inocente ou pura.
És simplesmente minha mulher!
039 - SEREI SEU!
Decifra-me, sou seu!
Almejo o teu amor,
O teu desejo,
O teu calor...
O teu olhar que me faz revelar
O que terás que descobrir...
Terás que descobrir esse sentimento,
Em cada momento e em cada verso,
Que traz o avesso,
Do real,
Do limitado,
Do exaltado,
Do intocado...
Terás que descobrir
A sublimidade de amar
De estar com o outro,
E de viver e de ser o outro...
Terás que decifrar
Os mistérios íntimos,
Que os versos e os lábios jamais dirão...
Terás que decifrar o calor do beijo,
Da alma, do desejo,
No mistério e na emoção...
Decifre-me! Aqui estou!
Aquece-me com a sua alma,
E com o seu amor!
Faz-me emoção,
Fogo e paixão,
E serei seu!
040 - TOQUE-ME...
Toque-me...
Procure em mim
O fogo que enlouquece,
O esplendor que aquece,
Nos surtos da paixão,
Do amor,
Do coração,
Da alma,
Da emoção...
Toque-me...
Sou todo desejo...
Envolve-me com seus beijos,
Com seus lábios molhados,
Trazendo o leite e o mel,
Que leva ao céu,
Da ardente alma,
Do beijo e do desejo,
Que queima por teu amor...
Toque-me...
Leve-me a quente fenda do amor,
Ao sândalo
Ao ardor,
Acalentando o fogo,
Deslizando em meu corpo...
Queimando e desejando
Por esse sentimento abrasador,
Que entontece e que enlouquece
Nessa fogueira que queima
Em ardor de sereia,
Na febre do amor...
041 - PRISÃO
Minh’alma está presa,
Caída e desgastada
Dentro do meu eu...
Por que me sinto assim?
Nada faz sentido para mim...
Apaixonei-me?
Talvez, pode ser...
Enlouqueci?
Não posso discernir...
O coração refaz a valsa,
Da dor da alma,
Que traz a luz do amor,
Que me matou,
E tão depressa acabou,
Fazendo-me prisioneiro de mim...
Meus olhos cegaram,
Na escuridão da prisão,
Onde os rastros são astros cadentes,
Do decadente esplendor.
042 - ESTAMOS SÓS
Estamos sós!
Ponderando o mistério um do outro,
O mistério da fascinação,
E da paixão,
Que terminou como fumaça
Dando lugar ao raiar da noite...
Dentro de mim vivo o passado nebuloso,
Vivo tudo o que éramos,
Quando éramos um,
Quando vivíamos a mesma paixão,
Com toda a sedução
Que hoje me faz sofrer.
Agora é noite!
Por mais que o sol brilhe,
É noite!
Por mais que exista um paraíso,
Estou fora dele!
Por mais que um dia fossemos um,
Estamos sós!
043 - AMOR CONSUMIDO
Bebi o encanto divinal,
Na eternidade que não existe,
No amor inextinguível,
Que dói;
Que pranteia;
E que aumenta o meu sofrer...
Ao meu lado, o sono da embriaguez.
Guiado pelas ondas do vinho,
E da beleza que dorme,
Junto à lua que desmaia,
E prepara a aurora,
Que eu desejo que não venha!
Oh noite de encanto insano!
Ao reflexo da taça, o luzir!
Que externa a reservada dor
E o frio da tua flama...
Febril, a busco em minha cama!
Busco o teu perdão,
Busco o teu coração
Que me embriaga pelo encanto,
O doce encanto,
Que consumi e bebi,
Por permitir te perder...
III - Sonetrix ( 30 Poemas)
044 - LENÇÓIS
Lençóis... Copiosa ternura desta vida!
Neles, essa suave quentura acolhida.
Oh lençóis a arder! Eis nós, no envolto prazer...
045 - LEMBRANÇAS...
Quando sonhava com o seu corpo ao meu despido,
Vigorava o repouso do amor seduzido...
Quando esse fogo brando ardia: fantasias...
046 - LÁBIOS...
Teus lábios, encanto d’um sonho carente!
Nele, o manto do amor, em rubor envolvente...
Teus lábios, ensaios de um beijo. Desejos...
047 - SEDUÇÃO
Seduz-me com o amor, com o teu timbre de voz,
Com o teu sensível calor, por entre os lençóis!
Seduz-me no beijo que conduz-me ao desejo..
048 - MEIGO OLHAR
Oh viçosa virgem que vivo a vislumbrar!
Em mim, a mimosa afeição por teu olhar.
Olhar... Sedução... Nau do carnal coração.
049 - MORMAÇO
Céu distante... Contemplo-o dessa vidraça.
As lembranças? Um belo instante que não passa.
Nuvens... Reféns do ocaso. Pranto... O meu mormaço.
050 - GAROA...
Garoa... Lembranças pousam nest’alma impura!
Na cabeça, os pingos. Coroa sem ternura...
Pingos... Meu céu em mim! Presságios do fim...
051 - DESPEDIDA...
Partes! É o sol encerrando-se nesse chão...
Cá, saudades! Baluartes do coração.
Partiste... Triste ida... No pranto, a despedida.
052 - OLHAR...
Olhar... Aqueduto de tu’alma faceira!
Nele, o usufruto da paixão passageira...
Olhar... Mar de ilusão, que eleva a submissão.
053 - TU’ALMA....
Em teu doce ser de escultural formosura,
O magistral desejo, cheio de ternura...
Em teu transluzo sorriso, o meu paraíso!
054 - SUSPIROSA PAZ
Oh amante virgem! Suspiro em teu favor!
Suspiro por teu pecado, pleno d’amor...
Em ti senti a paz! No encanto dos teus ais...
055 - CREPÚSCULO
Oh rubra inspiração exposta no poento!
És réquiem, sem ilusão e sem alento.
Crepúsculo d’um dia: Ósculo e partida...
056 - SOL DE AMARGURA
Intenso xeol perene em minha amargura,
Sou pó que espelha o deposto sol em quentura!
Oh astro perfeito! És Hades que arde em meu peito.
057 - FINDO AMOR
Solidão. Negro olhar dessa noite que cai!
Quem me dera brilhar na estrela que se esvai...
Na tristeza, a dor! Incertezas... Fim do amor!
058 - SOLEDADE
Ah, como chorei! Chorei de intensa saudade,
Pelas paixões que exultei em minha mocidade!
Como foi vão! Do amor só sobrou solidão!
059 - SONHO
Seiva divina no teu corpo deitado!
Me aquece e me fascina em meu sonho alado...
Desperto, o vazio... Em meu eu: o frio.
060 - FOGO IMORTAL
Oh flama sem razão, que queima brandamente!
És a crescente emoção que o coração sente.
Oh Calor frio e vital! És amor, és real.
061 - LUA E DOR
Pretoriano véu d’amor! És sentimento,
Que afila a mais fina dor do meu sofrimento.
Na rua escura, a lua é luz na desventura.
062 - ETERNO AMOR
Em seu sentimento, a virtude virginal
Que eleva o fomento do amor celestial
Amar-te, éden sem fim! És mar, cá em mim!
063 - AMOR CATIVADO
Na amplidão do morno sentimento, o prazer!
Que aguça a solidão no calor do meu ser.
Beijo... Desejo molhado... Amor cativado!
064 - CÂNTICO
A sedução dos seus lábios me envolveu,
Inebriou-me em seu santo amor, renasceu!
Renasceu na unção, da lava alva da paixão.
065 - NÚPCIAS
Oh amada da noite calma e envolvente!
És fonte formosa, selada e caliente...
Em teu véu, ânsia e fragor! Sumo desse amor.
066 - NOSTALGIA
Nesta manhã triste, o meu olhar magoado,
Que insiste em residir nos momentos passados.
Nessa manhã fria, a doce e vã poesia.
067 - ROSICLER
Na barra que sangra no horizonte infinito,
Encontro a fonte da dor na mudez do grito.
Na barra que esbarra em mim, sinto a dor do fim.
068 - ETERNA POESIA
Em minha fantasia, o poético amor,
Que me agracia com o seu suave esplendor...
Terno luzir! Por ti o eterno porvir.
069 - OFUSCADO
Cego de sentimento, escondo o coração
Onde guardo os momentos de pura ilusão!
Cego em meu ego, busco a luz do inferno eterno!
070 - ZELO DE AMOR
A perfeita paz desse belo sentimento,
Me faz vivê-lo em todos os meus pensamentos...
A plena paz de vivê-lo, drena o meu zelo.
071 - OLHAR II
Olhar... Claridade do espírito imortal!
Em tí, o finito brilho do amor real.
Doce olhar a me luzir! És luz do povir.
072 - SOLIDÃO
Nas cavernas do peito, nódoas de dor,
Nódoas eternas em sensível rubor.
No peito, ilusão... Preitos da vã solidão.
073 - INSTANTE DE DOR
Cortante frio... Sinto os meus ossos doer!
Repentinamente, arrepios do viver...
Nesse instante a dor, do cortante desamor.
074 - AMOR EM VÃO
Como não chorar perante a realidade,
Que eleva os instantes que não são verdade?
Como não chorar, se sei que é em vão te amar?